A memória, a lembrança e o esquecimento: o que é melhor para Turilândia: esquecer ou lembrar?


Fábio Coimbra

Acadêmico de filosofia da Universidade Federal do Maranhão; pesquisa em ética e filosofia política; atualmente dedica-se também a estudo em filosofia da ciência. 



Faz algum tempo que, em razão de outras preocupações, eu abrir mão de escrever para publicação. Agora volto a lançar mão novamente dessa tarefa, que se dará gradativamente de acordo com o desenvolvimento dos fatos políticos e sociais aos quais atrelar-se-á questões ligadas à cultura e a todos os seguimentos da sociedade.

Numa perspectiva crítica, não me darei ao orgulho de cair nos extremos. Em assim sendo, traçarei críticas sempre que – para o progresso social – estas se mostrarem necessárias, mas também haverei de fazer elogios quando os homens da política acertarem mais e erram menos. Não podemos ignorar que entre o erro e o acerto o homem se constitui como uma tensão que ora está equilibrado, ora em um dos polos extremos. A filosofia e a ciência política mostram que entre o certo e o errado não há uma constante, mas uma flutuação, ou uma variação, da ação humana. Maquiavel, no primeiro livro de sua celebre obra intitulada “Discorsi sopra la prima Deca di Tito Livio”, ou “Discurso sobre a primeira década de Tito Lívio” já chama a atenção para o fato de que “os homens não sabem ser todo mal, mas também não sabem ser perfeitamente bons”. Significa isso que quando é para eles agirem com toda maldade possível, eles não sabem agir assim; e quando é para eles serem bons ao máximo possível, eles também não sabem sê-lo. É justamente ai que está o perigo, porque – como diz Maquiavel – na dúvida, eles não tomam uma decisão firme, e, por isso, muitas vezes se arruínam. É por isso que em Turilândia aconteceu o que aconteceu no passado próximo. (esse livro de Maquiavel é muito mais clássico que o livro O Príncipe, que é o livro que os políticos geralmente usam para distorcer o que nele Maquiavel pretendeu dizer a Lourenço de Medici já que se trata de uma obra dedicada)

 Como se sabe, a memória cumpre com duas funções fundamentais: uma é a de esquecer; a outra é a de lembrar. Lembrar e esquecer são, portanto, duas coisas que a memória nunca se esquece de fazer. Recentemente, a cidade de Turilândia elegeu um novo prefeito e renovou, até certo ponto, a sua câmara de vereadores. Acredito que, com isso, o que todo cidadão turilandense quer e deseja nesse momento, e nos seguintes, é nada mais nada menos que uma melhora na estrutura da cidade em todas as suas dimensões (saúde, educação, esporte, cultura etc.). 

 Muitas vezes (nem sempre), a construção de uma nova sociedade pressupõe uma mudança, ou uma renovação radica nas instituições sociais, como diria o norte americano e filosofo da política John Rawls em sua celebre obra intitulada “Uma teoria da justiça”. Entretanto, quando voltamos nossos olhos para a atual constituição política de turilândia, sentimos a necessidade de perguntar até que ponto a cidade se renovou politicamente; até que ponto nós podemos ter a certeza de que a construção de uma nova sociedade há de se efetivar. A questão problemática sobre a qual devemos pensar é: como vamos construir o novo que queremos se elementos antigos do passado nele ainda se fazem presente? Muitos desses elementos, é claro, não se fazem presente por meio de suas próprias figuras, mas, sobreuto, por meio da figura de outros. E isso é muito visível quando debruçamos nosso olhar para a câmara que temos. Tão logo fazemos isso, logo nos deparamos com corpos invisíveis de personagens que antes estavam no mesmo lugar e que agora habitam os corpos materiais do presente naquele mesmo espaço. Em que mudamos? Mudamos em que? 

Aqui, alguém poderia interceptar esse pensamento para objetar ser demasiado cedo a analise que faço inicialmente. Se, por ventura, isso vier a ocorrer, até concordarei com esse interlocutor. Entretanto, digo que não podemos deixar de passar as oportunidades que temos de pensar nas coisas importantes da cidade. E assim, de já antecipo uma reflexão sobre aquilo que deverá ser a causa do bem ou miséria da cidade nos próximos quatros anos. 

Devemos todos, tomar parte na construção da cidade que queremos.