A LUZ, A ESCURIDÃO E O MUNDO DA CAVERNA: REFLEXÕES CRÍTICAS SOBRE A INSTALAÇÃO DO PARTIDO TRABALHISTA CRISTÃO EM TURILÂNDIA

Graduando em Filosofia pela UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO (UFMA); iniciou sua formação filosófica pelo STUDIUM FILOSOFICUM SÃO BASÍLIO DE CURITIBA e deu continuidade pela PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ (PUCPR). Dedica-se exclusivamente a estudos na área de FILOSOFIA POLÍTICA, com ênfase na teoria contratualista onde analisa a origem do Estado e os princípios do direito político a partir da passagem do Estado de Natureza para o Estado de Sociedade, com ênfase em Thomas Hobbes; é bolsista da CAPES com atuação no PIBID [Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência]; é membro do grupo de ESTUDOS EM ÉTICA E FILOSOFIA POLÍTICA da UFMA sob a coordenação do prof. Dr. Aldir Araujo Carvalho Filho; É membro do NEPS [Núcleo de Estudos e Pesquisa do Sindicalismo] que se concentra nos estudos sobre KARL MARX, sob a coordenação do prof. Dr. Baltazar Macaiba / UFPB; É membro do grupo de estudo em Filosofia Francesa da UFMA. Outras áreas de interesse são: Filosofia das ciências, Moderniade, sociologia, Física Quântica e Astronomia.




Pretendo nestas considerações suscitar algumas polêmicas a despeito da instalação do PTC em Turilândia quando da inauguração do seu diretório municipal. Levantarei algumas polêmicas sobre a Turilândia atual. Mostrarei, a propósito da distinção entre política e politicagem, que os discursos políticos de há muito, especificamente em Turilândia, não passam muitas vezes de palavras vazias totalmente destituídas de sentido e carga moral, ou seja, são discursos politiqueiros e imorais inclinados a persuasão. Levantarei a hipótese de que esses discursos [que muito já se ouviu, e muito se ouvirá agora em 2012], em sua essência, versam mais sobre politicagem que política propriamente dita. O meu ponto de partida consistirá no estabelecimento de uma analogia entre a chegada do PTC em Turilândia e o “Mito da Caverna” narrado pelo filósofo grego Platão há quase dois mil anos em sua obra “A República”. Quero ressaltar que é preciso acreditar na política e no fato de que nem todos são corruptos, embora seja muito pouco os que não o são.

No que diz respeito ao conhecimento, os homens se dividiram em dois grupos: primeiro, aqueles que se dão conta de conhecer dada a sua máxima dificuldade e, segundo, aqueles que acham que são mais do que de fato são. Num ano eleitoral, é comum nos depararmos com uma série de indivíduos sedentos de poder e riqueza que se julgam aptos a ser grandes governantes e representantes fiéis dado que se percebem para – determinadas funções políticas – mais sábios e melhores que os outros. O que esses indivíduos não se dão conta é que muitas vezes tanto eles, quantos seus adversários, bem como o restante do povo, estão imersos na escuridão de uma caverna que lhes impede de ver a verdadeira realidade.
Poderíamos aqui assumir que se o poder constitui uma luz, na escuridão estariam todos aqueles que a eles estivessem submetidos. Muitas vezes, vemos os governantes fazer das cidades uma espécie de caverna escura, assim como as ruas de Turilândia sem luz nos postes à noite, o que favorece o banditismo e arte de enganar.
Há um livro [que quero aqui recomendar aos meus leitores] intitulado “A República”, escrito por Platão, que foi um filósofo da Grécia antiga, discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles. No capítulo sete desse livro, Platão fala de um mundo chamado “mundo da caverna”. Nesse capítulo o filósofo diz que em uma caverna nasceram e viveram homens, que nunca tiveram alguma espécie de contato com o mundo fora da caverna. Eles viviam acorrentados e de frente para uma parede. Em cima da caverna havia uma brecha, por onde escapava um pequeno clarão de luz para dentro da mesma. Na medida em que as pessoas – que viviam fora – passavam pela frente dessa brecha, suas sombras eram projetadas para o interior da caverna fixando ou movendo-se na parede conforme elas se movimentavam. Como nunca tinham tido contato com o verdadeiro mundo, os moradores da caverna pensavam que as sombras fossem a verdadeira realidade. E, por isso, viviam iludidos acreditando na aparência em detrimento do real. Por acaso, um dia um deles conseguiu sair da caverna e entrar no mundo real, o mundo das coisas tais como são, o mundo das pessoas e não das sombras. Em princípio, esse morador da caverna não conseguiu ver nada do mundo real nitidamente, pois a luz do sol ofuscava sua vista, acostumada com a escuridão. Mas, gradativamente ele foi se adaptando à luz. Depois de certo tempo, esse indivíduo retornou à caverna para mostrar aos seus amigos que aquilo que eles tomavam como realidade (as sombras) era só uma aparência, ou ilusão, e que o verdadeiro mundo era aquele que estava fora da caverna. Mas os seus amigos não acreditaram nas suas palavras; achavam que ele estava mentido e, por isso, o mataram.
Essa narrativa é importante não somente pelo fato de ser um clássico da literatura filosófica, mas, sobretudo porque nos ajuda a entender o mundo em que vivemos. Com isso, Platão quis descrever a nossa situação: a de sermos enganados quase o tempo todo. Nesse sentido, quem dirá que o Maranhão não passa de uma grande caverna onde somos, muitas vezes, impedidos de ver o real? E Turilândia – que é jovem politicamente – não seria também uma dessas trevas que ofusca a vista de seus cidadãos? Então como, ou o que, fazer para romper essas trevas e instaurar a luz? Como fazer para que o povo pobre, humilde e sofredor de Turilândia, do Maranhão e mesmo do Brasil rompa com esse sistema miserável, sanguessuga, mesquinho e idiota que deflagra, corrói e degrada a dignidade e fisionomia de um povo sofrido? Sem desconsiderar a profundidade e extensão do problema, creio que é na resposta – e, sobretudo, na prática dessas teorias que encontramos como solução – a essa problemática que está a luz, o ponto de partida para uma grande mudança.
Recentemente se instalou em Turilândia [nossa cidade] o PTC [Partido Trabalhista Cristão] que surge guiado pela proposta não de ser melhor que os outros, mas de ser e fazer diferente. Pois, é muitas vezes no fazer diferente que está a chave para se fazer alguma coisa. Esperamos que esse partido não seja apenas mais um, mas que assuma um compromisso e honre o povo e sua dignidade com o cumprimento desse compromisso; que lute por dias melhores em Turilândia, dias em que a saúde e, sobretudo, a educação seja melhor que está hoje; que esse partido não se venda e nem busque comprar ninguém, mas que seja – antes de tudo – esforçado na luta pela construção de tudo aquilo que ainda não fora construído.
Estou crente de que será isso, e outras coisas mais, que fará o turilandensse dá crédito e apoio a essa nova opção política dentro do município. Que nessa nova alternativa o povo seja respeitado como merece ser, em todos os sentidos e que o seus direito sejam promovidos e efetivados. Do contrário, que o povo se revolte, exclua e rejeite o PTC se ele não tiver compromisso, não fazer diferente e se tornar, portanto, mais um devorando o abutre em decomposição. Não queremos mais ser vítimas de falsas promessas, de ignorantes políticos e suas bestiais politicagens que estão ai. Queremos uma sociedade justa, com mais saúde, mais emprego, mais educação e mais qualidade de vida.
Estou convicto de que o PTC em Turilândia não decepcionará. Mas se isso vier a ocorrer estarei pronto para me unir aos meus concidadãos para repudiá-lo em nossa cidade em nome da justiça social e da democracia. Penso que o seu jovem presidente municipal Julio Neto – alguém que traz na bagagem a experiência das CEBs (Comunidades Eclesiais de Bases) e de liderança em grupo de jovem – tem, juntamente com todo o grupo, muito a fazer. E que faça, pois é chegada a hora.
Que os meus leitores me critiquem e discordem de mim, mas que apresentem também soluções e reflexões para as preocupações que – como turilandense – me tiram a paz. O que não podemos é permanecer presos a esses grilhões que tentam nos impedir de avançar. Como diz Rousseau, “o homem nasceu livre e não obstante está preso à toda a parte; julga-se senhor dos demais seres mais nunca deixa de ser escravo como um deles”.
Se hoje somos vítimas da miséria e da pobreza de Turilândia, do Maranhão, do Brasil e do Mundo não é porque nós nascemos assim, mas sim porque nos fizeram assim. Mas, se quisermos, podemos nos libertar. Devemos ser ousados para avançar um pouco mais, e assim, desafiar o medo, a caverna e a ignorância.
E não se esqueçam de visitar meu blogger na internet. O endereço é: philosofiaeciencia.blogspot.com